Você está realmente se preparando para o Exame de Ordem?

Quarta, 11 de janeiro de 2017

Você está realmente se preparando para o Exame de Ordem?

A prova da OAB é difícil. Essa afirmação é o lugar comum na percepção coletiva sobre a prova. Afinal, um processo seletivo de âmbito nacional capaz de reprovar mais de 80% de seus inscritos por edição não pode ser considerado algo fácil. A percepção coletiva, neste caso, está correta: O Exame é mesmo difícil, e, pelo o que temos acompanhado, seu grau de complexidade tem subido paulatinamente, de forma lenta e constante.

Claro, quem está se preparando para uma prova da magistratura pode achar as questões do Exame fáceis, mas temos de considerar que a prova é difícil considerando, acima de tudo, o momento de seus candidatos. Este estão saindo ou acabaram de sair da faculdade, e para este universo de candidatos, considerando o tempo de estudo e a maturidade jurídica, a prova efetivamente é um desafio.

Mas, ainda assim, entre os que reprovam temos aqueles que não se dedicaram como deveriam para obter a aprovação. Temos todos o hábito de jogar a responsabilidade da reprovação na FGV, mas quase nunca a autocrítica é feita, e são poucos aqueles que se responsabilizam pelo insucesso.

E sem autocrítica fica muito difícil mudar a postura, e sem mudança a reprovação tende a se repetir.

Entre as causas de reprovação onde a culpa do candidato se manifesta, temos as seguintes posturas:

Examinandos que faltam no dia da prova: Sempre temos, em cada prova, algo em torno de 3 a 5% de ausências. Se inscrever e não fazer a prova pode parecer algo banal, mas muitos do que faltam simplesmente TEM MEDO do possível resultado e não querem passar pelo constrangimento de tirarem uma nota baixa.

Aí vem a pergunta: Se inscreveram para quê, se não estavam seguros?

A reprovação não é algo a ser evitado, especialmente se o candidato considerar as lições passíveis de serem retiradas do insucesso, como os pontos mais fracos, a autopercepção emocional e a questão da experiência em si mesma.

Mas, antes de tudo, é preciso confiar em si mesmo e fazer a prova de toda forma. E, claro, assumir consigo mesmo o forte compromisso de estudar ao menos logo após se inscrever. Muitos se inscrevem, protelam os estudos e acabam por desistir. A procrastinação é uma grande inimiga nessas horas.

Não se constrói assim o sucesso.

Candidatos que não estudam: Muitos acham que a bagagem da faculdade é o suficiente para ser aprovado; outros procrastinam achando que quando for a "hora certa" vão estudar e conseguir dar conta do conteúdo, o que quase sempre se revela uma percepção falsa.

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Outros ficam "paralisados" emocionalmente e não conseguem simplesmente iniciar os estudos. Já alguns começam a estudar e com poucas semanas vão perdendo a motivação inicial, aumentando o intervalo entre os estudos e enfraquecendo a preparação.

Não estudar para a prova tem uma série de motivações e origens, mas todas conduzem para o mesmo resultado: a reprovação.

E estudar "mais ou menos" também não ajuda muito: a prova não só é difícil como também exige um tempo razoável de preparação, pois o volume de conteúdo a ser vencido é significativo. Deixa para estudar faltando apenas dois meses para a prova pode ser especialmente desmotivador, pois a percepção de que nãos e vai dar conta de tudo é muito grande. Na verdade, essa percepção é profundamente verdadeira: não dá mesmo para estudar tudo!

Examinados que compram material didático e não estudam de fato: Pode parecer uma afirmação esquisita, mas gente que compara livro e cursos, leem livro e acompanham as aulas, mas não estudam.

E não estudam porque ler ou acompanhar uma aula NÃO significa estudar.

Estudar, e tenham isso em mente, é um processo complexo!

Envolve receber a informação (ler ou ver uma aula), processar a informação (fazer um resumo), refletir sobre a informação, testá-la (resolver exercícios) e relembrá-la com periodicidade (retroalimentação).

Repito: estudar é um processo complexo, que envolve outras atividade do que tão somente receber a informação de forma passiva.

E tem muita gente que não sabe disto! Não sabe e depois se frusta por ter "estudado muito" e não ter conseguido a tão sonhada aprovação.

Na prática o candidato não estudou de fato e, ao fim, colhe apenas a reprovação e a subsequente frustração.

Aqui podemos fazer uma aproximação com a realidade dos concursos públicos: apenas uma minoria estuda de fato, de forma consistente.

Existe uma estimativa de que apenas 8% dos inscritos em um concurso público são os verdadeiros candidatos, o que estão de fato preparados para conseguirem a aprovação. Essa lógica, imagino, também se aplica ao Exame de Ordem. A diferença é que os 8% dos concurseiros leva em consideração o fato concorrência, inexistente no Exame da OAB. Isso permite que mais candidatos efetivamente sejam aprovados na prova da Ordem, algo em torno da faixa dos 20%.

Existem duas lições a serem tiradas daqui.

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A primeira é a de não se jogar a culta na OAB pela reprovação. Cada um é responsável pelo próprio sucesso ou fracasso. Culpar a banca não faz ninguém mudar de postura. Evidentemente, alguns candidatos podem ser prejudicados em uma correção ou por critérios errados de correção, mas quem fez 38 ou 39 pontos em uma prova poderia ter feito 45 e não ter se submetido às decisões da banca quanto anulações, por exemplo.

A segunda guarda correlação sobre uma séria reflexão sobre metodologias de estudos. Só ler ou só ver aula NÃO É, seguramente, estudar. è preciso superar essa cultura e se dedicar mais aos estudos, com técnicas mais elaboradas para permitir, exatamente, a sedimentação do conhecimento na memória.

Ser aprovado no Exame é algo inteiramente possível. Não só possível como também não precisa ser "doloroso". Muitos candidatos levam várias edições para serem aprovados, consumindo muito tempo e dinheiro neste processo.

Não precisa ser assim.

Com planejamento, método de estudo adequado e motivação, a prova inexoravelmente tende a ser superada.

Só querer!