Segunda, 13 de fevereiro de 2017
Já está tudo devidamente estruturado: cursinho e livros comprados, prova baixadas, cronograma de estudo na faixa. Tudo certo!
Os estudos começaram, tudo fluindo dentro do planejamento, mas o empenho, a empolgação estão decaindo com a passagem do tempo.
O estudo segue, mas o empenho real nele não é 100%.
E isso, não tenham dúvidas, é um problema.
É um problema sério, e tem, evidentemente, vínculo com a forma como o nosso cérebro trabalha.
Existe um conceito que interpreta a forma como estabelecemos a nossa memória, que são de 3 tipos: a memória de trabalho, a memória de curto prazo e a memória de longo prazo.
O objetivo de todo e qualquer estudante é o de estabelecer a memória de longo prazo, exatamente aquela que será chamada na hora da prova.
A memória de trabalho, em seu turno, dura pouquíssimo, mas é o elemento inicial, e indispensável para chegarmos até a memória de longo prazo.
A memória de trabalho é de curtíssimo prazo, e funciona como um "gestor da realidade".
Ela é dividida em 3 partes:
1 - Sistema escravo 1: área de armazenamento espaço-visual
2 - Sistema escravo 2: laço fonológico
3 - Executivo central
O sistema escravo 1 armazena a informação auditiva e previne seu decaimento continuamente articulando seu conteúdo. O sistema escravo 2 armazena as informações visuais e espaciais (sensoriais).
Ou seja, esses dois sistemas estão intimamente conectados com nossos sentidos, e é deles que extraímos as informações do mundo.
Já o executivo central é o responsável por direcionar a atenção e delimitar qual é a informação importante, além de coordenar os processos cognitivos.
Digamos então que a memória de trabalho gerencia e seleciona o que queremos memorizar, sendo uma espécie de memória virtual, limitadíssima no tempo. A memória de curto prazo só surge quando determinamos que queremos apreender algum tipo de conteúdo, quando o cérebro escolhe se a informação é útil ou não.
Se a memória de curto prazo não for trabalhada, o esquecimento é a consequência, especialmente quando tratamos de informações fonológicas (exatamente o que trabalhamos quando estamos estudando).
A memória de longo prazo surge quando repassamos a informação de curto prazo de forma consistente e periódica.
Ou seja: se lá no momento em que a memória de trabalho está ativa a atenção não for dada de forma integral, todo o processo de memorização é prejudicado, porque o cérebro capta informações de forma precária, prejudicando as demais etapas da memorização.
Vocês portanto precisam se conscientizar de um elemento fundamental: o foco, a atenção, é um elemento-chave no processo de aprendizado. O examinando pode estar estudando regularmente, mas o aproveitamento é precário.
A necessidade de estudar com empenho, se concentrar nos estudos, é inerente ao conceito mais amplo de estudar.
Sem foco há estudo, mas estudo precário.
E o estudo precário gera uma consequência negativa: ser necessário mais tempo do que o necessário para se apreender o conteúdo. E esse tempo extra pode ser de algumas semanas ou mesmo anos. Tudo porque a força de vontade na hora de se estudar não era a adequada.
Mas nós sabemos que o foco é algo que tem curta duração para muitos dos estudantes. A dispersão nos estudos é algo conhecido e comum para muitos.
Como então aproveitar o tempo de estudo com o máximo de foco possível?
O ideal é estudar em curtas sessões, de 20 a 30 minutos cada. Após cada sessão, de 10 a 15 minutos de intervalo, com o pensamento direcionado para qualquer outra coisa que não o objeto de estudo.
Após esse tempo, mais uma sessão de 20 a 30 minutos, e assim sucessivamente.
O importante, como disse mais acima, é garantir o máximo de foco possível por um tempo razoável. Se for possível ficar mais tempo focado, ótimo, mas sempre que o nível de atenção decair, uma parada deve ser feita.
Mas atenção! A parada precisa ser CRONOMETRADA. Do contrário a disciplina vai para o espaço e a produtividade decaí da mesma forma.
Trata-se, evidentemente, de uma parada ESTRATÉGICA, e ela tem um objetivo claro.
Imponham-se essa regra para efetivamente o tempo ser aproveitado ao máximo possível, e com QUALIDADE.
O estudo tem de ter qualidade, ou, do contrário, não será produtivo.
Lembrando sempre que tudo isso depende do tamanho da fome pela aprovação que vocês têm. Se a fome é grande, a disciplina e a entrega será proporcional. Só querer ser aprovado sem uma entrega real nos estudos não passa de uma auto-enganação. A vontade precisa de sua correlata manifestação no mundo real. Sem isso, nada acontece.