Terça, 10 de abril de 2018
No domingo, após a prova, colhendo as impressões dos candidatos que fizeram a prova objetiva do XXV Exame da OAB, a baliza inicialmente estabelecida foi a de que a prova não havia sido tão terrível quanto a do XXIII e não tão boa quanto a do XXIV.
Uma prova difícil, mas um difícil considerado racional, próprio do Exame.
Entretanto, não foi bem assim.
Não se enganem: a reprovação neste XXV Exame foi muito alta! Eu diria até que altíssima!
É muito considerável a quantidade de candidatos com 38 ou 39 pontos, afora que a percepção entre os cursos (com os quais tratei) é que a reprovação foi alta por todos os lados.
Na prática, só existe uma forma de avaliar o grau de dificuldade de uma edição do Exame de Ordem: com os números.
Qualquer outra fórmula envolve subjetivismos, percepções particulares, e isso oferece, em regra, uma visão distante da objetividade e clareza oferecida pelos números.
Mas os números só poderão revelar a visão que queremos no próximo dia 23, quando será publicado o resultado preliminar da 1ª fase. Neste dia, aí sim, teremos a exata dimensão do que foi a prova do domingo.
Ainda assim é possível, com base na experiência ao longo de muito tempo e com alguns sinais colhidos aqui e ali, estimar provisoriamente o que foi a prova.
Não dá para situar exatamente o tamanho da reprovação, mas os sinais definitivamente não foi bom.
As piores provas foram do IX, XXI e XXIII Exames, sendo que a do XXIII foi a pior de todos os tempos. Ou seja, em uma recente "política" de elaboração de provas tivemos péssimas edições de forma muito recente, o que evidentemente influencia a elaboração da prova neste momento.
No IX Exame de Ordem a prova havia sido tão ruim que a OAB sequer divulgou a lista preliminar de aprovados. Depois de um tempo eu fiquei sabendo o porquê disto: o percentual de reprovação havia sido acima de 90%. Fiz uns cálculos por conta própria, à época, e estimei em uma reprovação de 92% dos candidatos. Quando a lista preliminar finalmente foi divulgada, a Ordem tomou o cuidado de anular 3 questões para a coisa não ficar muito feia.
Mitigou o quadro naquela oportunidade.
A prova do XXI fez também um estrago.
Tivemos aproximadamente 120 mil candidatos então inscritos no XXI Exame de Ordem. Não sabemos quantos foram reprovados exatamente, pois também no XXI a OAB anulou questões de ofício para a lista de aprovados não parecer muito esquálida. Com as duas anuladas de ofício tivemos
Tivemos aproximadamente 120 mil candidatos estão inscritos no XXI Exame de Ordem, o que é um número regular de inscritos considerando a média das edições anteriores.
A reprovação na 1ª fase do XXI, sem as duas anulações de ofício, é desconhecida, mas foi bem pesada. Com a divulgação da lista de aprovados tivemos 20.510 examinandos aprovados. Ou seja, o percentual de aprovação foi de 17,09%. Um percentual digno de DUAS fases da OAB, e não só de uma. A aprovação sem as anuladas deve ter ficado na casa dos 12%.
No XXIII tivemos o apocalipse. Foi quando a FGV reduziu as questões de Ética de 10 para 8, além de ter encrespado fortemente nas questões. Na primeira fase daquela edição a aprovação foi de 13,35%, sem anulações.
Muitas queixas surgiram naquela oportunidade, todas inócuas ao longo do tempo. Não houve nem sinal de que a OAB iria implementar mudanças, tal como colocar o conteúdo programático no edital (o que seria péssimo para os examinandos, diga-se de passagem).
A verdade é que o impacto foi grande e os candidatos sentiram isso.
Vamos aguardar para ver as estatísticas e, com isso, também avaliar se os recurso serão acatados pela OAB.
No XXIII a Ordem fez questão de mostrar que não se importa mais em reprovar muito e não anulou nada, não se importando com a repercussão.
Hoje, no Exame de Ordem, pressões não influenciam mais na condução das anulações. A abordagem terá de ser técnica, e de forma tal a fazer com que a banca reconheça o erro.
Parece ser algo incrível ter de fazer um malabarismo para conseguir anular alguma coisa, mas é exatamente isso. A OAB tem uma visão muito conservadora quando o assunto é anular questões.