Terça, 26 de dezembro de 2017
O que esperar do Exame de Ordem em 2018? A pergunta é bem pertinente, pois, afinal, a dupla OAB e FGV aprontaram PESADO em 2017 com a prova da OAB.
Aliás, aprontaram muito pesado mesmo.
Ainda em 2016, no seu finalzinho, em um primeiro indício do que estava por vir, tivemos uma prova objetiva terrível: a prova do XXI Exame de Ordem.
Ali tivemos a última manifestação de um resquício de bondade da Ordem: a anulação de ofício de duas questões em função da alta reprovação na prova objetiva.
FGV não divulga a lista de aprovados, mas tão somente libera a consulta individual!
BOMBA! OAB anula 2 questões de ofício da 1ª fase do XXI Exame de Ordem!
Até aquele momento, a Ordem tinha medo de críticas correlacionadas com altas reprovações.
Até aquele momento.
Veio então o XXII Exame de Ordem, e a OAB resolveu, pela primeira vez na história, avocar provas corrigidas erroneamente na 2ª fase e REPROVAR quem havia sido aprovado na lsita preliminar de aprovados da 2ª fase:
ATENÇÃO! OAB reprova todos os candidatos que fizeram MSC e tiveram as provas corrigidas!
Foi um espanto!
Um espanto e uma advertência: não estavam mais interessados em serem bonzinhos. A regra usada pela OAB havia sido recém-implantada no Exame de Ordem, mais especificamente no XXI. Usaram na primeira oportunidade que tiveram.
E então veio o assombroso XXIII Exame de Ordem, a pior prova de todos os tempos.
Primeiro o susto dos sustos: a redução das questões de Ética de 10 para 8.
BOMBA! FGV reduz as questões de Ética de 10 para 8!
Logo em seguida, a percepção da tragédia.
O tamanho do estrago do XXIII Exame de Ordem
E a confirmação do apocalipse.
A pior prova do Exame de Ordem de todos os tempos!
Ficou claro, a partir daquele momento, que a Ordem não iria mais aliviar a vida dos candidatos e muito menos se importar com reprovações em massa:
A prova da OAB mudou, e a Ordem também
A OAB sobre o Exame de Ordem: ?É hora de adotar medidas impopulares?
Nenhuma anulação! Sacramentada a pior prova objetiva de todos os tempos!
Rigor do Exame de Ordem será mantido, diz presidente da OAB
Criou-se então uma grande expectativa para o XXIV Exame, a atual edição.
Imaginamos uma prova ao menos tão ruim quanto a do XXIII, mais questões interdisciplinares e uma alta reprovação.
Mas não, não foi assim. A prova do XXIV Exame foi "normal", com uma aprovação 3 vezes maior se comparada com a prova do XXIII, sem grandes sustos, quase sem questões interdisciplinares e ainda com uma anulação de lambuja.
O que aconteceu? Porque o padrão não foi mantido?
E, a partir desta pergunta, projetar o que podemos esperar para o próximo ano e as próximas edições.
Um dos grande problemas do Exame de Ordem é não ter exatamente nenhuma consistência estatística. Ou seja, não dá para projetar o que vai acontecer em uma edição vindoura com base nas provas passadas. É bem verdade que ultimamente estamos vendo uma alternância no grau de dificuldade das provas, oscilando entre o fácil e o difícil, na seguinte lógica:
XIX - Fácil
XX - Fácil
XXI - Difícil
XXII - Fácil
XXIII - Difícil
XXIV - Fácil
XXV - ?
XXVI - ?
XXVII - ?
Mas essa ordem de oscilação é muito recente e não dá para se fiar em sua lógica. Até era assim há uns 5 anos atrás, mas depois tudo ficou bastante nebuloso, sem uma sequência clara de oscilação. A partir do XXI que essa sequência teve início e ela pode ser alterada a qualquer momento.
Ademais, as promessas dos dirigentes da OAB foi no sentido de que o Exame tem de se tornar mais rigoroso, especialmente em função do aumento no número de advogados e do impetuoso avanço do empresariado da educação no sentido e aumentar ainda mais o número de advogados e de criar, com auxílio servil do MEC, a classe do tecnólogo jurídico.
A Ordem, sob este prisma, sente-se acuada, e reage da forma que pode, e como pode. Endurecer o Exame é um dos caminhos.
Era para ter saído neste ano de 2017 o novo marco do ensino jurídico do país. Mas isso não aconteceu porque a Ordem criou uma série de obstáculos, já vendo que o marco não passa de um aval para a precarização do ensino no país inteiro.
Mas o marco vai sair, goste a OAB ou não. Só resta saber o tamanho do atropelo.
A Ordem perdeu qualquer interlocução com o governo por conta do pedido de impeachment contra Temer, e o empresariado da educação vai se aproveitar disto para confrontar a OAB.
Em 2018 muito provavelmente teremos a divulgação da nova regulamentação do ensino jurídico, e com isto a OAB certamente vai alterar o provimento do Exame de Ordem.
Ideias para repensar o Exame não faltam. Resta saber o que será de fato implementado.
O Exame de Ordem em 2018 será, certamente, atípico para todos nós.
Aguardemos!