Como será a prova do XXIV Exame de Ordem?

Quinta, 19 de outubro de 2017

Como será a prova do XXIV Exame de Ordem?

Uma pergunta que pode estar passando pela cabeça de muita gente: Como será a prova do XXIV Exame de Ordem?

E a pergunta faz sentido, especialmente pelo que foi a última prova objetiva, a do XXIII: um terror!

A primeira fase do XXIII foi a pior de todos os tempos, com uma aprovação pífia de 13,35%, ou seja, 86,65% de reprovação. E isso ainda na 1ª fase.

É de assustar qualquer um!

As provas do XX e XIX Exames foram difíceis, mas consideradas racionais. Essas provas foram bem elaboradas e não geraram controvérsias entre os candidatos.

Aí veio o XXI Exame, o prenúncio de que as coisas iriam piorar!

A primeira fase do XXI foi só terceira pior prova de todos os tempos, com 17,09% de aprovação (estatísticas exclusivas do Blog), contando com 2 anuladas de ofício. Se não fossem as anuladas, teria sido pior inclusive do que a do XXIII. Essa reprovação, sem as duas anulações de ofício, é desconhecida, mas foi bem pesada. Com a divulgação da lista de aprovados tivemos 20.510 examinandos aprovados. Ou seja, o percentual de aprovação foi de 17,09%. Um percentual digno de DUAS fases da OAB, e não só de uma. A aprovação sem as anuladas deve ter ficado na casa dos 12%. Ou seja, pior que a prova do XXIII.

Um grande susto, muita reprovação, e muitas reclamações.

Na sequência, veio o XXII Exame, e tudo foi uma "maravilha", ao menos dentro da lógica da OAB. Uma primeira fase boa, sem maiores reclamações e com uma aprovação bem razoável.

Mas aí veio o XXIII Exame, e a devastação foi sem precedentes!

Primeiro tivemos uma alteração de alto impacto na prova: a redução das questões de Ética Profissional, de 10 para 8.

NOTA: Essa redução vai se manter para o XXIV Exame, não tenham dúvidas quanto a isto.

Essa única medida, por si só, já produziu grande parte do estrago na 1ª fase. Isso porque Ética sempre foi (e ainda é) o porto seguro de todos os candidatos, ESPECIALMENTE os que são aprovados ali com 40 ou 41 pontos. Mas com a redução a margem de aprovação geral naturalmente cai sem que a Ordem precise fazer força alguma para isto.

Direitos Humanos também perdeu uma questão. Com isso Processo Penal, Processo Civil e Tributário ganharam, cada, mais uma questão.

Depois foram várias questões interdisciplinares, mais complexas do que o habitual e que também prejudicou muita gente.

E, claro, enunciados mais intricados e extensos se comparados com as edições anteriores.

Juntemos a isso declarações abertas de dirigentes da OAB sobre o Exame, e o quadro sobre como será a prova do XXIV Exame de Ordem está desenhado:

A OAB sobre o Exame de Ordem: "É hora de adotar medidas impopulares"

Rigor do Exame de Ordem será mantido, diz presidente da OAB

A Ordem perdeu o medo de apertar forte na reprovação e assumir isso. Reposicionou-se perante a prova.

A simples mudança número de questões de Ética, algo bem ousado, foi um indicativo deste reposicionamento.

Outro, um aumento no número de questões interdisciplinares (exigindo mais raciocínio dos candidatos), era uma movimentação esboçada no XXI Exame, repetida no XXII e agora incrementada no XXIII. Seguramente vai ser expandida no XXIV, reforçando a percepção do reposicionamento.

Vejamos como será a prova do XXIV Exame de Ordem após condensarmos o que observamos e sabemos até agora.

Primeiro:

As duas grandes balizas para vocês avaliarem se estarão prontos para o XXIV Exame são as provas do XXI e do XXIII. Em termos de complexidade, e também sob a ótica da contemporaneidade, são as mais aproximadas daquilo que poderá vir a ser o XXIV Exame.

XXIII

Prova

Gabarito

XXI

Prova

Gabarito

Segundo:

A interdisciplinariedade, em seu turno, exigirá cada vez mais o estudo do conteúdo programático de forma integral, ou seja, exigirá ainda mais tempo de estudo e um adensamento na preparação.

Terceiro:

Interpretar bem os enunciados será vital para o próximo Exame, especialmente porque a FGV aumentou um pouco mais o grau de dificuldade das questões. Todas as questões foram problematizadoras, ou seja, questões com o relato de uma situação-problema para o candidato apresentar a solução jurídica cabível à hipótese.

Quarto:

A era do estudo maceteado acabou. As questões exigem mais reflexão, raciocínio e domínio do conteúdo. Os quebra-galhos não têm mais vez nessa nova realidade.

E aqui uma verdade: a OAB pode perfeitamente impor o grau de dificuldade que bem entender ao Exame. Não existe qualquer limitador legal ou administrativo neste aspecto.

Como será a prova do XXIV Exame de Ordem?

Os indícios, todos eles, apontam para uma próxima prova no mesmo padrão da 1ª fase do XXIII Exame.

Mas, é claro, trata-se basicamente de uma análise da minha parte, e não de uma afirmação taxativa. E digo isso porque não se pode esperar da FGV algo que ela não aprendeu a fazer mesmo após 7 anos aplicando o Exame de Ordem: aplicar uma prova previsível e linear.

Por algum motivo misterioso a FGV não consegue impor um padrão, mesmo após todos esses anos.

Só há uma justificativa para tanta assimetria: a FGV, de propósito, cria flutuações estatística na prova.

É a única justificativa para tantas provas diferentes em suas complexidades. E só a FGV pode responder a essa pergunta.