?Rasoavel?, ?enchergar?, ?trousse? - uma breve amostragem do que seria o Exame de Ordem nas mãos do MEC

Segunda, 18 de março de 2013

O que seria o Exame de Ordem se este fosse parar nas mãos do MEC, tal como muitos por aí gostariam de ver?

Nada melhor para projetar um breve vislumbre dos critérios de correção do que dar uma olhadinha na correção das provas do ENEM. E aí, meus caros, o negócio fica feio.

Ontem o jornal OGlobo publicou uma matéria sobre a "qualidade" das correções da prova do ENEM e, pasmem, provas com nota máxima tinham erros terríveis de grafia e concordância.

O jornal, durante um mês, recebeu 30 provas consideradas "nota 1000" e se dispôs a analisá-las.

Não tiveram muita dificuldade em achar termos grafados de forma errônea, tal como ?Rasoavel?, ?enchergar?, ?trousse?

Em uma redação palavras como ?indivíduos?, ?saúde?, ?geográfica? e ?necessário? apareceram desprovidas de acentos, afora a ausência de ponto final em duas sentenças.

Também foram detectados erros de concordância, tal como ?Essas providências, no entanto, não deve (sic) ser expulsão? e ?os movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI é (sic)?. Segundo a reportagem, um candidato conjugou  no plural o verbo haver no sentido de existir em duas ocasiões: ?É fundamental que hajam (sic) debates? e ?de modo que não hajam (sic) diferenças?.

Uma outra redação apresentou problemas de concordância nominal, como mostra o trecho a seguir: ?o movimento migratório para o Brasil advém de necessidades básicas de alguns cidadãos, e, portanto, deve ser compreendida (sic)?. Na mesma redação, mas em outro trecho, o candidato escreveu ?trousse?, deixou de colocar o acento circunflexo em ?recebê-los? e errou no uso do ?porque? na pergunta ?Porém, porque (sic) essa população escolheu o Brasil??.

Leiam toda a reportagem no OGlobo.

De acordo com as regras do ENEM, a grafia correta das palavras dá ao candidato até 200 pontos dentre os 1.000 possíveis.  Ou seja, as redações nota 1.000 colhidas pelo OGlobo não poderiam ter alcançado tal pontuação.

E nem vamos considerar o universo pequeno avaliado: 30 provas. Se a análise fosse mais abrangente, mais erros nas correções feitas pelo MEC seriam observados.

E por que tantas e tão gritantes falhas? Tudo, no fundo, guarda vínculos com o dinheiro.

Vejam a resposta dada por uma pessoa envolvida com a correção da prova do ENEM entrevistada pelo OGlobo quando perguntada exatamente sobre os problemas na correção das redações:

O processo de correção já começou com um problema, pois os supervisores tiveram um aumento de trabalho e ganham fixo, enquanto o corretor ganha R$ 1,60 por redação corrigida. Houve um aumento do trabalho, pois a discrepância necessária para a terceira correção, que é feita pelos supervisores, caiu de 500 para 300 pontos. Isso aconteceu sem que o valor pago a cada supervisor fosse aumentado. Havia um certo mal estar na supervisão. Teve um supervisor que desistiu uma semana antes de começar o processo. Havia muito insatisfação. Parece que alguns supervisores fizeram o trabalho de má vontade por serem mal remunerados. Estou muito irritado porque estou vendo o trabalho que fiz durante todo o ano sendo jogado por água abaixo. É muito revoltante!

Vocês podem conferir toda a entrevista clicando AQUI.

Pois é...imaginem o MEC tocando o Exame de Ordem.

Imaginem...