Como montar um plano de estudos para a prova objetiva da OAB?

Quarta, 18 de julho de 2012

O que estudar para a prova da OAB faltando apenas 53 dias para a sua aplicação?

Sim! Estamos há pouco menos de 2 meses da prova objetiva, que será aplicada no dia 9 de setembro.

Definir exatamente o conteúdo a ser estudado é um passo importante para se atingir o resultado positivo na prova. Na atual conjuntura do Exame de Ordem, suas dificuldades e peculiaridades, o candidato que não adota uma estratégia, seja de estudo ou seja de resolução da prova, tende a colher o fracasso como resultado.

Lembrem-se: a regra no Exame de Ordem é o fracasso. O sucesso é para uma minoria.

Logo, montar uma estratégia de estudos é crucial, não só para estudar bem como também para estudar de forma útil, aproveitando ao máximo o tempo e os esforços cognitivos.

E como se deve montar uma planificação de estudo?

Seria fácil, e é tentador, elaborar um plano de estudos pronto, já devidamente formato, com a indicação do que estudar e como estudar.

Seria fácil, mas sua eficiência seria limitada.

Não existe uma fórmula pronta e generalista, utilizável por qualquer candidato a qualquer momento, pois todos os candidatos são, na essência, diferentes. Cada um guarda suas preferências, tem suas características e, principalmente, dispõe de diferentes medidas de tempo para implementar seu próprio projeto.

Um candidato pode gostar de penal e outro odiar, pode ter 4 horas por dia para estudar e outro apenas 2. Como conciliar as particularidades de cada um ao se apresentar um projeto de estudos já planificado, formatado e fechado?

Claro, qualquer planejamento ajuda, mas como o grau de dificuldade da prova é elevado, não basta buscar por algo que seja razoável ou bom: tem de ser o MELHOR planejamento possível.

Um plano de estudos pré-formatado ignora essas particularidades, obrigando o candidato a se adaptar ao plano e não o contrário. Mau negócio!

Pensando nisso, o examinando precisa ter em mente alguns parâmetros prévios antes de estruturar sua linha de estudos. A partir daí ele constrói seu planejamento e pode implementá-lo.

Vamos analisar os pontos, uma a um:

1 - Volume de conteúdo

Estudar tudo ou apenas parte das disciplinas? Eis a pergunta primordial!

Estudar tudo é e sempre será o objetivo de qualquer candidato. Quanto maior o volume estudado, maiores são as probabilidades de ir bem na prova. Esse premissa é acima de tudo verdadeira após a redução de 100 questões para 80. Como o conteúdo programático da prova não sofreu alterações, mas o número de questões sim, o candidato precisa saber mais para evitar ser surpreendido por uma questão de um tema não abrangido antes nos estudos.

Entretanto, projetando esse necessidade no fator tempo, o lapso temporal disponível até a prova é exíguo demais para se pretender estudar tudo.

Não admitir isso é flertar com o fracasso. Impossível abraçar o mundo nesta altura do campeonato.

O que fazer então?

O candidato sabe de antemão da necessidade de acertar 40 questões na prova. O número de disciplinas a serem estudas precisa lhe dar a garantia de que ele possa acertar exatamente estas 40 questões.

Então o examinando só precisa estudar metade do conteúdo programático?

Claro que não!!

Ninguém pode achar, por mais que venha a dominar as disciplinas a serem estudadas, que conseguirá acertar 100% do que estudou na prova.

Isso não existe!!

O examinando precisa de uma "gordurinha" para queimar, um lastro, uma margem de segurança intelectual para mitigar os efeitos dos erros a serem cometidos na futura prova. E ele, o candidato, vai errar.

Ao invés de estudar para 40 questões, o Examinando terá de estudar para 55 ou 65 questões da prova, garantindo assim uma margem segura para "queimar" em função da superveniência dos futuros e inevitáveis erros.

Mas qual seria o tamanho dessa margem de erro? Apenas 55 questões?

Não posso, naturalmente, repassar verdades prontas e acabadas, ainda mais considerando as individualidades dos candidatos. Projetar 55 questões como uma margem de erro tem como escopo apenas estabelecer uma referência quantitativa.

Cada um erra mais ou erra menos, e cada um deve eleger para si uma margem de erro, e, por consequência, um volume de conteúdo compatível com a margem escolhida.

A definição do volume de conteúdo a ser estudado NÃO se estabelece a priori!!

Repito: não se estabelece a priori!

Durante o tempo a ser estudado o candidato terá de resolver provas antigas e fazer simulados e, a partir do seu desempenho, determinar o volume de conteúdo a mais a ser estudado para garantir com segurança uma margem de erro adequada.

Ou seja, a margem deve ser construída empiricamente, na prática, a avaliação honesta (honesta!) do desempenho durante a fase de preparação.

O candidato vai estudando, resolvendo provas anteriores, fazendo simulados e sentido o quanto  mais ele precisa estudar para assegurar, ao fim, os 40 pontinhos.

Estabelecer uma margem de erro fora dessa parametrização dinâmica pode levá-loa  estudar mais do que precisa, vindo a não esgotar o conteúdo, ou estudar menos do que o necessário, colocando em risco a sua aprovação.

Como eu disse, não existem respostas prontas e imediatas: o candidato precisa botar a mão na massa e estabelecer sua própria autoavaliação. Só assim para conseguir estudar o volume adequado dentro do lapso temporal disponível.

2 - Tempo

O tempo é um luxo, uma preciosidade para quem vai começar a se preparar.

Na atual conjuntura do Exame, acredito que um candidato muito afim de passar na prova começa a se preparar com 6 meses de antecedência. Quanto mais tempo dedicado ao objetivo, melhor.

Mas a vida é cheia de variáveis e cada um sabe bem onde o calo aperta. Começar a estudar agora AINDA permite se sonhar com a aprovação, mas exigirá compensações para se lidar com o escasso tempo daqui até a prova.

No mínimo devem ser dedicadas 4 horas de estudo por dia. No mínimo.

Aqui os finais de semana também entram no cômputo, e estes devem ser sacrificados em maior escala: 6 ou 7 horas.

Muito, não é?

Não é!

Como temos apenas 53 dias, a vida social necessariamente terá de ir para ao altar dos sacrifícios, e nem preciso explicar o porquê de tal imolação.

Arranquem todo o tempo disponível e estudem. Simples assim.

3 - Afinidade com as disciplinas

Este é um ponto crucial dentro do processo de preparação: a afinidade com as disciplinas.

E aqui, mais do que nos pontos anteriores, as particularidades de cada candidato se manifestam. Não faz sentido orientar um candidato a estudar disciplina X se ele, ao longo do curso, teve pouco contato ou nenhum gosto com tal disciplina.

Agora não é hora de "descobrir" uma ou outra matéria. Agora é hora de buscar um resultado baseado na eficiência do processo de aprendizagem.

O candidato pode eleger um núcleo de disciplinas cuja afinidade seja maior, ou, até contrariando o que acabei de escrever acima, priorizar disciplinas que não entende bem, visando GANHAR pontos que possivelmente seriam perdidos na prova.

Eu explico!

A escolha das disciplinas também não é um processo que exija definições a priori. O candidato de plano vai escolher um número X de disciplinas a serem estudas e depois, com o avançar dos estudos, após avaliar o desempenho, escolherá mais algumas para criar a sua própria "capa de gordurinha" a ser queimada na prova.

Pode ser, e isso faz sentido, que esse volume extra de conteúdo a ser estuda venha de disciplinas cujo desempenho em simulados é muito ruim.

Mas também pode vir de disciplinas cujo gosto seja um pouco maior.

O ponto é: o candidato precisa se testar e precisa avaliar sozinho qual o caminho que produzirá um resultado mais eficiente. E eficiência vem de apenas uma observação: de qual disciplina ele consegue tirar mais pontos.

Simples assim!

Não há amor na escolha: há apenas a verificação de resultados com base exclusiva na eficiência.

Muito bem!

De um modo geral, e aqui entro no campo da orientação específica, as disciplinas mais relevantes, afora Ética, seriam Direito Constitucional e Administrativo (ganharam importância com a redução do número de questões), e também Direito do Trabalho e Penal, porquanto o estudo do direito material acaba convergindo com o estudo do respectivo direito processual.

Direito Civil e Processo Civil, gigantes por natureza, em princípio devem ser descartados por conta do volume de conteúdo a ser estudado, EXCETO se fizerem parte do rol de preferência do candidato. Preferências, neste caso, não podem ser descartadas. De toda forma, ambas demandarão do examinando ao menos, no mínimo, uma revisão. É inevitável.

4 - Peso das disciplinas na prova

Escolher as disciplinas não passa somente pelo crivo da preferência pessoal. É preciso cruzar isso com o peso dela na prova. Não adianta amar uma disciplina específica e só serem exigidas 2 questões dela na hora da verdade.

Aqui, o gosto deve convergir com a eficiência, mas e eficiência prevalece sobre o gosto a depender das preferências. A prova da OAB guarda suas particularidades, entre elas o número de questões por disciplina. Assim sendo, o candidato pode eleger as matérias mais relevantes dentro do contexto da prova, e a importância está diretamente relacionada com o número de questões cobradas.

Vejamos como a FGV tem dividido as questões por disciplina:

2 questões: Direito do ConsumidorDireito AmbientalEstatuto da Criança e do Adolescente e Direito Internacional

3 questões: Direitos Humanos

4 questões: Direito Tributário

5 questões: Direito Processual do TrabalhoDireito Processual Penal e Direito Empresarial

6 questões: Direito AdministrativoDireito Processual CivilDireito Penal e Direito do Trabalho

7 questões: Direito Civil e Direito Constitucional

12 questões: Ética Profissional

Quando eram 100 questões eu aconselhava a descartar os estudos de Direito Civil e Direito Processual Civil em razão do grande volume de conteúdo dessas disciplinas. Compensava mais dedicar esse tempo a outras disciplinas, pois isso permitiria apreender um conteúdo maior a ser cobrado na prova. O descarte dessas duas disciplinas não implicaria em maiores prejuízos para o candidato, pois ele compensaria em outro extremo.

Compensaria...

Direito Civil e Processo Civil agora respondem por 13 questões em 80. Ou, tirando a obrigatória Ética, seriam 13 questões em 68: sobrariam apenas 55 questões das demais disciplinas para o candidato estudar. Muitíssimo pouco para quem quer o mínimo de 40.

Fica a pergunta: a regra do descarte deve ser aplicada?

Não em absoluto!

Mais uma vez, tal como eu aduzi acima, ao menos uma leitura deve ser feito, e com certeza a resolução de exercícios deve ser implementada.

O ideal, ideal mesmo, seria descartar o estudo dessas duas disciplinas em função do tempo, mas o descarte absoluto, dentro do contexto acima delineado, não parece ser uma boa ideia.

Claro, se a margem de erro permitir a exclusão absoluta dessas 2 disciplinas, tudo bem, faz parte da estratégia. Se não, ao menos um estudo de leve deve ser feito. Se o candidato não tem tanto tempo assim (e aqui a avaliação é pessoal, considerando a percepção do aproveitamento dos estudos) deve descartá-las e focar em outras disciplinas.

Então é isso!

O caminho para a prova cada vez mais é menor, e postegar os estudos cobrará um preço cada vez maior com o passar do tempo.

Ainda é possível começar a estudar e ter a esperança de alcançar a aprovação. Mais 2 semanas de postergação reduzirão dramaticamente as possibilidade de sucesso.

Há casos, evidentemente, de candidatos que com um curso de questões ou um projeto UTI, e nada além, conseguem passar na 1ª fase. É algo raro, mas acontece.

Em regra sempre tenham em mente que cada um é apenas um estudante normal, comum, e que precisa transpirar para poder transformar o esforço em resultado.

É simplesmente adotar uma postura de humildade. Isso e mais o esforço geralmente são recompensados com o sucesso.

Aliás, a humildade, o esforço e o PLANEJAMENTO correto costumam dar bons frutos!

Bons estudos!