Como controlar a preocupação com a prova da OAB?

Quarta, 22 de fevereiro de 2017

Como controlar a preocupação com a prova da OAB?

Vamos falar sobre o clichê dos clichês quando o assunto é o Exame: a preocupação e o stress derivados da expectativa da prova.

São poucos, muito poucos que passam incólumes pela prova, e, sinceramente, acho que nenhum candidato fica sem ter um pouco, no mínimo, de medo em algum momento durante todo o processo.

Vivo citando um estudo implementado pela Drª Tânia Loricchio, do Departamento de Psicobiologia da Unidade de Medicina Comportamental da UNIFESP, sobre os índices de ansiedade e stress pré-Exame de Ordem.

Foram analisados 237 bacharéis em Direito inscritos em cursos preparatórios em diversas regiões do estado de São Paulo, com idade entre 21 e 74 anos (32,9 anos, em média), sendo 46% homens e 54% mulheres. Destes, 80% já haviam prestado o Exame anteriormente, sendo que alguns em mais de uma oportunidade.

Desse universo de candidatos analisados, 70% apresentaram sintomas de stress, sendo que 41% com níveis de stress mais severos.

Ou seja: é cientificamente provada a incidência severa de stress e a ansiedade entre os candidatos.

A pressão pela aprovação, seja interna, seja oriunda de fatores externos, como amigos, família ou necessidades profissionais, atrapalham o desempenho de numerosos candidatos - posso dizer dezenas de milhares - podendo facilmente ser incluído como uma das causas de reprovação, seja principal ou secundária.

E o que pode ser feito para mudar esse quadro?

Como alinhar a mente de forma positiva, elidindo a ansiedade?

Ser resiliente, suportar os medos e a ansiedade e vencer as próprias fraquezas é algo possível, e pode ser trabalhado pelo próprio candidato.

Como?

O senhor da imagem deste post chama-se Aaron Beck, psiquiatra norte-americano e professor emérito do departamento de psiquiatria na Universidade da Pensilvânia. Ele é conhecido como pai da Terapia Cognitiva e considerado um dos cinco psicoterapeutas mais influentes de todos os tempos, tendo transformado a psiquiatria e psicologia ao redor do mundo.

Beck acreditava que a depressão é causada devido a visões negativas irrealistas sobre o mundo. Pessoas deprimidas tem uma cognição negativa em três áreas, que são tidas como a tríade depressiva. Elas desenvolvem visões negativas sobre elas mesmas, o mundo e seu futuro. Ele chamou esses pensamentos de ?pensamento automático?, pois não precisam de uma motivação para surgirem.

Tais pensamentos decorrem da forma como interpretamos o nosso cotidiano, o nosso dia-a-dia. Ou seja: o pensamento negativo é derivado da forma como vemos a realidade e não da forma como a realidade é em si mesma. Trata-se de uma derivação interpretativa sobre os fatos, gerando o que ele entendeu como distorções cognitivas da realidade vivida.

O medo, a ansiedade e o stress em relação à prova derivariam deste estado.

E como enfrentar essa situação?

Uma das técnicas iniciais da terapia cognitiva exige que as ideias disfuncionais sejam substituídas por crenças e outras ideias que alterem o comportamento do indivíduo diante da adversidade enfrentada.

Na prática seria moldar o pensamento, adotando uma visão positiva sob 3 prismas distintos, mas intrinsecamente interligados:

1 - Visão positiva sobre si mesmo

2 - Visão positiva do mundo

3 - Visão positiva do futuro

Essa tríplice abordagem daria o substrato necessário para transformar o aspecto emocional e possibilitar a mitigação das sensações negativas, ou mesmo superá-las de forma total.

Como funciona?

A visão positiva de si mesmo

Crer em si mesmo, acreditar no próprio potencial, desenvolver a autoconfiança seria a abordagem inicial. Oras, para enfrentar a prova somente você, e mais ninguém, poderá estar lá para superar o desafio. Crer no próprio potencial faz parte do conceito de ser resiliente, incluindo aí situações complexas e estressantes.

Aqui, neste ponto em específico, devemos mudar o que é chamado de "discurso interno", tirando-o do prisma negativo (não posso, não consigo) e revertendo-o para um viés positivo (posso, consigo) promovendo a autoconfiança.

É também importante trabalhar o fato de que a própria capacidade não está vinculada ao sucesso imediato em qualquer ação a ser tomada. Uma reprovação ou mais podem surgir pelo caminho, mas isso por si só não tem o condão de representar o fracasso absoluto, e sim uma etapa a ser cumprida: sim, é possível, e o objetivo será atingido de qualquer maneira!

Visão positiva do mundo

Confie nos outros, acredite nas pessoas, acredite que o mundo é um bom lugar e que merece uma chance de assim ser. Crer nos outros, crer nos elementos do mundo, e mesmo crer no plano espiritual, seja ele qual for (questão de crença) ajuda a criar um quadro positivo que leva também ao estado de resiliência.

Essa postura tem a propriedade de nos fazer buscar novos caminhos, novas experiências e oportunidade em nosso benefício, aumentando nossa capacidade de interação e nos fortalecendo internamente.

Estamos inseridos no mundo e não podemos fugir dele, desta forma, vê-lo como algo bom e desejável nos compele a nos desenvolvermos e interagirmos, e isso compõe um quadro benéfico.

Talvez seja difícil ver o Exame de Ordem como algo legal, mas ao menos deve ser visto como algo necessário, ou ao menos inevitável, e como tal enfrentá-lo torna-se um desdobramento natural da vida. Outras tantas pessoas estão passando pela mesma situação e olhar para elas, compreendê-las e se sentir junto dentro deste processo, com compaixão, é a postura mental mais adequada.

Ser resiliente aqui implica em encontrar elementos no meio circundante para implementar de forma satisfatória os próprios objetivos.

Visão positiva do futuro

De repente a aprovação pode não vir, mas não acabou: outra chance há de vir. De repente, a mudança de postura éo suficiente para que nenhum obstáculo IMEDIATO tenha força suficiente para para o candidato: a vitória virá.

Ter fé, crer em um futuro melhor, SABER que o melhor está por vir, são condições elementares para se desenvolver a resiliência.

Aliás, o resiliente é, acima de uma, alguém com ESPERANÇA. E, de forma conjunta, alguém com motivação e força de vontade para, através da çaõ, transformar o próprio futuro, dirigindo-o para onde a sua vontade determina.

Crer no melhor e lutar por ele é a peça-chave dentro deste processo.

Crer em si mesmo, crer no mundo e acreditar em um futuro melhor. Três abordagens distintas mas convergentes para ajudar a mudar, de forma decisiva, o estado de espírito e acabar com o stress, o medo ou quaisquer temores em relação à prova.

A solução está dentro de cada um, e todos têm este potencial.

Basta acreditar!