A adoção da metodologia de estudo correta para o Exame de Ordem

Quinta, 22 de dezembro de 2016

Estudar consome tempo, atenção e reflexão na direta proporção do volume e da complexidade do conteúdo. Uns aprendem mais rapidamente, outros nem tanto, a depender da própria constituição cerebral.

E para nós, mais esforçados do que inteligentes, só resta sentar na cadeira e passar pelo processo natural de estudos até conseguir atingir o tão sonhado prêmio da aprovação.

E sim, uma coisa que ajuda muito nos estudos é o estabelecimento de uma metodologia.

Por que metodologia?

Por que aprender é um processo, e como tal ele pode ser estruturado de forma a tornar a apreensão do conteúdo mais efetiva.

Querem um exemplo? Sobre um determinado conteúdo, qualquer um, é melhor decorá-lo ou compreendê-lo?

Talvez um mais afoito diga: mas memorizar não significa compreender?

A resposta é não!

Talvez, em algumas situações, memorizar seja melhor do que compreender, em especial quando o tempo para estudar é muito curto. Mas, em regra, compreender produz resultados mais efetivos.

Vejam só:

taxonomia de bloom

A imagem acima é a do Quadro Hierárquico do Domínio Cognitivo, integrante da Taxonomia dos Objetivos Educacionais, ou Taxonomia de Bloom.

A "escada" acima foi estruturada em níveis de complexidade crescente ? partindo do mais simples até o mais complexo. Para que um nível seja compreendido, o nível anterior precisa antes ter sido dominado.

Vejam que a memorização (reprodução) está na base da da "escada".

E no Exame de Ordem, meramente decorar não é o suficiente! Como nós sabemos, existem perguntas na 1ª fase que estão alicerçadas no 2º grau dessa escada.

Existem apenas duas modalidades de elaboração de questões. A primeira é a conceitual ou conteudista, e a segunda é a operatória ou problematizadora. São as questões problematizadoras.

Na modalidade problematizadora o candidato precisa não só conhecer o conceito como também estabelecer um raciocínio para identificar qual a solução mais adequada para o problema. Neste caso, será necessário o uso do raciocínio para estabelecer a adequação entre o conceito, o problema hipotético e a solução adequada. Ou seja, é preciso pensar!

Para resolvê-la é preciso de uma boa dose de atenção e do estabelecimento de um raciocínio entre o fato narrado e a norma (o problema), para depois a resposta ser devidamente localizada.

Também temos questões conceituais, ou seja, da base da escada.

Uma prova mais difícil apresenta, em regra, questões problematizadoras, tal como foi a última prova objetiva.

Ou seja, é preciso ir um pouco além, nos estudos, da simples memorização.

É preciso, sem dúvida, compreender que somente após conhecer um determinado assunto alguém poderá compreendê-lo e aplicá-lo. Dessa forma, a taxonomia de Bloom vai muito além de um esquema classificatório. Como para se atingir um degrau é preciso dominar o degrau anterior, há uma verdadeira relação de dependência entre os diversos níveis, e eles foram organizados em razão da complexidades dos processos mentais exigidos.

Aí entramos no campo da metodologia de estudo.

Eu sempre sugeri a metodologia abaixo, pois ela permite uma abordagem tal que vai além do simples processo de memorização, permitindo que o candidato enfrente bem as questões problematizadoras da 1ª fase.

No método é estruturado da seguinte forma:

Ponto 1

Leitura da doutrina e/ou acompanhamento de uma aula seguida da leitura SIMULTÂNEA ou logo POSTERIOR da legislação correlata na medida da evolução da leitura ou aula (na aula online o aluno pode parar a aula, ler o que quiser, e depois continuar do ponto onde parou. Isso representa uma imensa vantagem em termos de estudo que a aula presencial ou satelitária não podem acompanhar). Aqui o candidato estabelece os vínculos entre os conceitos, teorias e a norma.

Conheçam o Jus21.

Temos de enfatizar um ponto relevante. As questões do Exame, em larga medida, exigem dos candidatos dois aspectos fundamentais: a memorização e o raciocínio, exatamente a 2ª escada da taxonomia.

Memorização porque grande parte da prova faz menção ao texto da Lei, enquanto outra parte, em menor proporção, exige uma resposta a partir do conhecimento da Lei aplicado a um problema hipotético proposto. Só estudar pela lei seca não propicia ao candidato de forma, mais rápida, a compreensão dos institutos jurídicos como um todo. Neste ponto, para ajudar na compreensão do conteúdo normativo, a leitura simultânea da doutrina (no caso, adaptada ao estudo do Exame de Ordem) faz-se necessário.

Não é só memorizar! Esse é um processo pobre de estudo. Trata-se de compreender o que está estudando. E, na hora de resolver uma prova, quem compreende geralmente vai bem melhor comparando com quem somente decora.

Essa é a razão para a leitura da doutrina e da Lei de forma simultânea;

Ponto 2

Elaboração pequenos resumos ao término de cada tópico do livro que está sendo estudado ou da aula que acabou de ser assistida. A elaboração de resumos, feitos DE CABEÇA, não só ajuda a delimitar o que não foi apreendido com a leitura inicial, como é uma importantíssima etapa de fixação do conteúdo. Se você lembra o conteúdo, ao menos naquele momento, está fixado;

Ponto 3

Revisão do conteúdo estudado dentro de um período em específico, uma vez por semana, por exemplo. Essa medida atende à preocupação em se avançar no estudo do conteúdo sem perder a informações previamente estudadas. Ou seja, avançar nos estudos sem esquecer o que ficou para trás. Esta medida é basilar.

Todo estudante almeja a chamada "memória profunda", ou a fixação definitiva de uma informação em sua memória. Tal processo não acontece por milagre, uso de técnicas mirabolantes ou sistemas mágicos. É preciso ler, compreender, reforçar o conteúdo e disponibilizá-lo com constância, seja dando aulas (para si mesmo até), elaborando resumos sem efetuar nenhuma consulta ou resolvendo exercícios.

A revisão tem o fito de evocar um conteúdo anteriormente estudado e reforçar sua fixação no cérebro.

Vou repetir: isso é FUN-DA-MEN-TAL. A informação deve ser trabalhada com constância para se estabelecer os processos de compreensão e memorização. Sem milagres, técnicas mirabolantes ou revolucionárias.

Ponto 4

A resolução de exercícios é a última etapa desse processo e ela é muito importante. Primeiro porque ela se enquadra como um processo ao mesmo tempo de revisão do conteúdo, de desafio ao raciocínio, em razão da adaptação do conhecimento a um problema hipotético, ajudando no desembaraço mental, como também representa uma etapa de adaptação ao sistema de enunciado da banca, e tal adaptação é VITAL!

Notem que o processo de estudo não pode ser trabalhado de forma estanque: o candidato deve se inteirar da doutrina, confrontá-la com a lei, elaborar resumos e resolver exercícios. Essas etapas, distintas entre si, mas consideradas como um processo global, certamente produzirão ótimos resultados como método de aprendizagem.

Não incorram no erro de optar por apenas uma dessas abordagens em detrimento das demais. Pode ser que um candidato tenha sido aprovado apenas escolhendo uma sistemática, mas é muito provável que isso represente uma exceção, e não a regra.

Não existem técnicas milagrosas ou sistemas de estudo rápido. Estudar é um processo complexo que sempre demandou e sempre demandará tempo.

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Façam com que a metodologia de estudos de vocês apresente abordagens DISTINTAS sobre o objeto de estudo. Isso permitirá afixação do conteúdo,ou seja, a criação da memória profunda.

É um sistema trabalhoso, vai muito além da mera leitura, mas é muito mais eficiente se comparado com a simples memorização de conceitos.

E eficiência é o que se busca na hora de fazer a prova da 1ª fase.